segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Quando deu por si, alguns supostos apoiantes do seu plano revolucionário dormiam profundamente e outros, os mais afoitos e guerrilheiros, já lhe tinham roubado os restos de comida de que se tinham conseguido apoderar no local. Outros, os eternos vagabundos, já estariam, há muito, em parte incerta.


Belchior, compreendeu, finalmente, que não poderia existir qualquer esperança que o seu empolgado discurso, e respectivos ideais de conquista, resultassem na tão esperada revolta dos canídeos.


Subitamente, começou a escutar ao longe um chamamento, pensou na tal voz que, diariamente, espera escutar e num ápice encetou uma feliz corrida em direcção à silhueta que o aclamava. Quando lá chegou e viu mais uma vez que a ração de granulado seria a sua refeição diária, cravou, com toda a força que pôde, os dentes na perna da senhora Maria que, caindo abruptamente para o chão, não teve outra reacção a não ser proteger-se com uma cadeira, evitando assim males maiores, físicos e psicológicos.


Ainda hoje, quando Belchior pensa naquele dia, pondera na acção que tomou sem necessidade alguma. E, durante mais um dia de banalidades no canil municipal, ainda tem tempo para ponderar a melhor forma de encetar a sua nunca adiada revolução.

Usualmente, à mínima distracção do tratador, mija-lhe para os sapatos com a elegância que só ele sabe.

3 comentários:

  1. é o que dá ser vagabundo...
    e é tão bom vaguear...

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  2. os vagabundos é que sabem-na toda...

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  3. O homem voador é que sabe!

    http://rotlefou.blogspot.com/2010/01/o-homem-voador.html

    Abraço,

    Pierrot le fou

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